DE SORDI |
De Sordi deu o recado (na PLACAR, em 1977) para quem reclamava se seu jogo duro: "Era durão, sim , mas só entrava no corpo pra assustar... Quando pegava um pontinha metido a besta, aí sim eu abria a caixa de ferramentas".
Em 1952 mudou-se para o Morumbi e lá permaneceu até 1965. Não marcou nenhum gol. Diz a lenda que chutou duas únicas vezes ao gol nos 13 anos de tricolor - as duas bateram na trave. A ausência de gols não impediu que se tornasse um ídolo. Foi campeão paulista pelo São Paulo em 1953 e 1957.
Na seleção brasileira conheceu a glória e a injustiça. Foi convocado para a Copa de 1954. Em 1958 estava na Suécia. Jogou até a semifinal. Às vésperas da final, foi afastado por causa de uma lesão no joelho. Mas correu a história de que o médico Hilton Gosling teria pedido seu afastamento porque De Sordi estaria nervoso demais. Foi então trocado por Djalma Santos. Que jogou só a final contra a Suécia e foi considerado o melhor na posição da Copa. E assim, ofuscado por um monstro, a atuação de De Sordi ficou apagada.
Foi para o União Bandeirante (PR), onde logo virou técnico. E se estabeleceu na cidade. Mudou-se por um tempo para João Pessoa (PB) com a mulher, Celina. Descobriu que tinha o mal de Parkinson no início dos anos 90. Com o agravamento da doença, voltou para Bandeirantes. Passou seus dois últimos anos na fazenda de Nilton De Sordi Júnior, que foi prefeito da Cidade. O jornalista Leonardo Mendes Junior descreveu assim a última entrevista do Tourito no início de 2013; "De Sordi ainda traz no corpo marcas da campanha na Suécia. A musculatura anterior da coxa esquerda, aquela que o tirou da final, contrai de maneira diferente; a virilha dói no momento de alongar as pernas; um caroço na clavícula lembra o local exato da cotovelada que levou em uma disputa com o goleiro francês Claude Abbes".
Em julho de 2013 levou um tombo, bateu a cabeça e foi internado na Santa Casa. Onde não resistiu a uma falência múltipla de órgão às 16h40 do dia 24 de agosto de 2013. Morreu 31 dias depois do mesmo Djalma Santos que o ofuscou (com todos os méritos) na Cipa de 1958.
Deixou a mulher Celina, quatro filhos, netos, bisnetos e a dúvida que o perseguiu por 55 anos: "Como podem pensar que alguém teria medo de jogar uma decisão de Copa?
Por Dagomir Marquezi - Revista Placar - Edição nº 1.384 - Novembro de 2013
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