quinta-feira, 30 de junho de 2016

AROLDO FEDATO - SELO DE CRAQUE

AROLDO FEDATO
Em 1924, o escultor João Fedatto foi fazer um trabalho em Ponta Grossa e levou a esposa, grávida. O filho nasceu lá no dia16 de outubro e foi batizado de Haroldo Fedatto em homenagem ao cômico do cinema Harold Llpyd, com os dois "tt" no sobrenome. O escrivão deixou o H de fora.
     A família voltou a Curitiba. Aroldo ficou grandão (1,87 metro), e aos 15 anos já mostrava que era bom de bola no campinho do Alto do XV, o bairro onde morava. Ailton Cavali, funcionário do Coritiba, levou o garotão para o Alto da Glória. Estreou no dia 14 de março de 1943, ganhando do Comercial por 4 x 3. Já era zagueiro e assinava Fedato, com um "t" só. Logo tornou-se titular da zaga e capitão do Coxa.
     Mas a marca de Fedato seria eternizada em 1948. Emprestado ao Botafogo para uma excursão na Bolívia, impressionou todo mundo com sua técnica. A imprensa boliviana deu o apelido que ficaria para sempre: Estampilla Rubia. Segundo o livro Eternos Campeões, do Grupo Helênicos, que reúne torcedores do Coritiba, "o termo estampilla costumava ser usado nos países hispano - americanos para designar os defensores que grudavam no atacante adversário, como um selo, e não permitiam que este jogasse. Com os cabelos claros, loiro para os padrões locais, o zagueiro paranaense marcou com tal perfeição o centroavante Caparelli, considerado o melhor atacante da Bolívia, que fez jus ao elogioso apelido".
     Era em casa, porém, com o manto do Coritiba, que o Estampilla Rubia realmente brilhava. Pelo Coxa, ganhou meia dúzia de títulos paranaenses: 1946, 1947, 1951, 1952, 1954 e 1956. No di 16 de junho de 1957 anunciou sua aposentadoria. Nada feito. Um abaixo-assinado dos torcedores exigiu: "O Coritiba ainda do concurso de seu grande e querido capitão! Volte! E volte já!" Fedato voltou a tempo de faturar o Estadual de 1957. E se aposentou no ano seguinte.
     Foram 13 anos de Coritiba. Sempre com elegância. De acordo com radialista que acompanharam seus jogos, dificilmente Fedato saía do campo com o calção sujo. Recebeu em 1951 o prêmio Belford Duarte, por acumular mais de 80 partidas sem cartão vermelho. Tinha uma superstição: antes de jogar, só cortava o cabelo com seu barbeiro Adalberto. Mesmo aposentado, não tirava o Coxa da cabeça. Da janela do seu apartamento ele via o estádio Couto Pereira.
     A vida em verde e branco de Aroldo Fedato passou para outra fase no dia 9 de setembro de 2013, aos 88 anos. Causa: problemas respiratórios provocados por forte pneumonia. No dia seguinte, seu corpo foi velado no Couto Pereira. Deixou três filho e seis netos. Sua neta Fernanda resumiu assim a história do avô: "Ele sempre falava que jogou pelo time que amava e teve tudo o que quis na vida. A vida dele era Coxa, pedia para ir ver o treino ou só olhar o campo do Couto".

Por Dagomir Marquezi - Revista Placar - Edição, nº 1.385 - Dezembro de 2013


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