sábado, 29 de outubro de 2016

EUSÉBIO - O PANTERA NEGRA

EUSÉBIO
          Em 25 de janeiro de 1942 nasceu em Lourenço Marques (hoje Maputo, capital de Moçambique) o garoto Eusébio da Silva Ferreira, filho do angolano (branco) Laurindo António da Silva Ferreira e da Moçambicana (negra) Elisa Anissabeni. Eusébio perdeu o pai, vítima de tétano, com apenas 8 anos. Dona Elisa teve que cuídar sozinha dos quatro filhos.
          Com 15 anos revelou-se um atacante veloz, atlético. Sua arma era o pé direito. Começou num time chamado Os Brasileiros. Por pouco não veio para o Brasil. O ex-jogador Bauer o indicou para a diretoria do São Paulo, que recusou.
          O Sporting se interessou por ele. Um funcionário do Benfica se adiantou pagando a dona Eliza 250.000 escudos. O Sporting dobrou a oferta. Em 1960 Eusébio desembarcou com nome falso em Lisboa. Foi praticamente "sequestrado" pelo Benfica. E assim, no dia 23 de maio de 1961 Eusébio estreou com a camisa rubra. Em 1964, seu salário era de 300.000 escudos. O Juventus ofereceu 50 vezes mais: 16 milhões por mês. Vendo que seu maior patrimônio iria embora, o próprio governo português, sob a ditadura de António Salazar, interferiu, convocando Eusébio para lutar nas guerras coloniais. O Benfica aumentou seu salário. O time de Turim ofereceu mais. E então aconteceu o "milagre": uma nova legislação proibiu os clubes italianos de contratar estrangeiros.
          Com Eusébio, o Benfica viveu seu melhor momento. De 17 campeonatos portugueses disputados, ganhou 13. Foi campeão duas vezes da Europa. A lenda alcançou o resto do mundo na Copa de 1966, na Inglaterra. Atropelou o campeão Brasil por 3x1. Portugal chegou ao terceiro lugar. Eusébio jogou pela seleção 64 vezes entre 1961 e 1974. Marcou 48 gols.
          Sua partida de despedida com a camisa do Benfica aconteceu no dia 18 de juho de 1975. Eusébio enfrentou uma seleção de toda a África na cidade de Casablanca, no Marrocos.
          Sua carreira estava longe de terminar. Passou sua vida pós-Benfica no nascente futebol da América do Norte. Nesses anos finais jogou também em times portugueses de pouca expressão. Aposentou-se de vez dos gramados em 1979.
          O balanço de sua carreira é impressionante. No total marcou 733 gols em 745 jogos. Em 2003 a Federação Portuguesa de Futebol o escolheu como o melhor jogador nacional dos últimos 50 anos.
          Em 2012 enfrentou uma série de problemas de saúde. Primeiro com uma pneumonia. Depois, em AVC. Uma insuficiência cardíaca levou o Pantera Negra de vez aos 71 anos, em 5 de janeiro de 2014.
          Está imortalizado numa estátua na frente do estádio do Benfica, de onde o comunicado oficial sobre sua morte resumiu o significado mais profundo do craque: "A vida de Eusébio é patrimônio de todos aqueles que amam o futebol".

Por Dagomir Marquezi - Revista Placar - Edição nº 1.387 - Fevereiro de 2014
 

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